quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Brasil é mais desigual na saúde e na educação
 
Estado tem menor presença em Estados com menor renda per capita... ImageNem tudo são flores no cenário revelado no estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Presença do Estado no Brasil: Federação, Unidades e Municipalidades divulgado ontem. Apesar de o Brasil estar no caminho certo nos gastos com programas sociais (leia mais neste blog), na área de saúde, há uma concentração de investimentos no Sul e Sudeste, que possuem melhores indicadores sociais. Também na educação há uma menor presença do Estado em regiões com renda per capita menor.

"A distribuição (dos recursos da saúde) não é proporcional à população e tampouco leva em conta lugares mais pobres, onde há mais gravidade de doenças”, afirma o presidente do IPEA, Márcio Pochmann. Enquanto no Sul e Sudeste possuem 3,7 médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) a cada mil habitantes, o Norte conta com 1,9 e o Nordeste, com 2,4. Na comparação entre os Estados, a desigualdade se acentua. O Rio Grande do Sul possui 3,2 vezes mais médicos do SUS por mil habitantes do que o Maranhão, por exemplo.

No caso da educação, a taxa de frequência líquida (que não contabiliza apenas matrículas, mas se os estudantes cursaram todo o ano letivo) de alunos na escola também indica a necessidade de uma maior presença do Estado nas regiões mais pobres. Por exemplo, no ensino fundamental, 87,2% da população entre seis e 14 anos do Pará estava na escola, de acordo com levantamento que levou em conta dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2009, coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vendo por outro prisma, isso revela que 12,8 % das crianças dessa faixa de idade não frequentam os bancos escolares.

Ensino fundamental não tem acesso universalizado

"Ao contrário do que se pensava, não temos acesso universalizado ao ensino fundamental”, comenta Pochmann. Já no Mato Grosso do Sul, o porcentual de freqüência líquida alcança os 94,4%. Em São Paulo, Estado mais rico da federação, a taxa de presença é de 93,4%.

Pelos dados do IPEA, o que mais preocupa é o ensino médio. A melhor taxa de frequência à escola é a do Distrito Federal, com 68,8% da população de 15 a 17 anos na escola. É mais que o dobro da encontrada em Rondônia, onde apenas 31,6% dos jovens vai às aulas.

Entrave ao desenvolvimento

Segundo Pochmann, as informações detalham um quadro de entrave que o país precisa resolver o quanto antes. No ensino médio, a intervenção pública se torna ainda mais forte nas regiões mais ricas e mais fraca nas regiões mais pobres. “É inadmissível diferenças tão acentuadas entre os Estados”, afirma o economista. “Com esse desempenho fica muito difícil o Brasil se transformar em uma sociedade do conhecimento", ressalta.
 B. Zé Dirceu

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